Disforia Gerenciada
Crescer no armário, ainda quando você não sabe que nele está, torna-se uma existência construída sobre mecanismos de coping propositados para aliviar disforia. Os itens abaixo são formas pelas quais uma pessoa trans pode encontrar para aliviar a disforia que experienciam em suas vidas diárias:
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Quando um videogame lhe oferece a opção de escolher o seu gênero, você tende a escolher um gênero diferente daquele designado ao nascer. Isso pode ser acompanhado de desculpas para defender tal escolha. “O padrão é homem e eu não me importo.”, “Eu não quero ter que olhar para a bunda de um homem por horas.”
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Uma preferência por literatura e filmes com personagens de seu vero gênero, ou com personagens que quebram normas de gênero (ex. Mulan, Little Women).
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Saídas pornográficas que satisfazem fortes desejos ou sentem mais relacionáveis, tais como atração a porno gay/lésbico, fetiche de noiva, ou sequências de transformação.
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Crossdressing (travestir-se) ou fazer drag.
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Encontrar desculpas para cortar o cabelo ou deixá-lo crescer.
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Aparar pelos, ou recusa em remover os pelos que de você são esperados.
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Vestir roupas largas e folgadas que escondem o formato do seu corpo.
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Evitar reuniões sociais sempre que possível, buscando isolação.
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Tornar-se intimamente educado sobre sobre algum tópico associado gênero, tal como desenho de roupas de homem ou de mulher.
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Exercitar-se obsessivamente (em AFABs).
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Ajudar parceires cis a comprar para viver vicariamente pela apresentação delus.
Você se preocupa que você pode ser homofóbico, mesmo você acreditando em direitos gay, porque "coisas LGBT+" te enche com um profundo desconforto. Tudo isso parece tão extravagante e excessivamente sexual. Isso te faz querer encolher e desaparecer, antes que você morra de vergonha de segunda-mão.
Mais tarde, quando você encontra pessoas reais queer, ou seus amigos saem do armário, você começa a idolatrá-los. Mas você também fica com ciúme. Eles são *livres* e *reais* de uma forma que parece impossível para pessoas héteras, como você. Eles tem enormes preocupações, desejos e vidas de *pessoas reais*.
Porque tanto abuso é aplicado sobre crianças não conformantes de gênero, muitas pessoas trans crescem aprendendo a esconder suas personalidades naturais por pura necessidade. Muitas pessoas trans falam sobre ter uma fase da vida em que elas tentaram “aceitar a fundo” seu gênero designado, performando masculinidade ou feminidade a extremos para parecer em ordem e para tentar se consertarem. Isso leva a uma repressão de tendências que podem mesmo superficialmente parecer tóxicas, mas que simplesmente são os resultados de tentar esconder cada pedaço de seus verdadeiros eu.
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Crescer e meticulosamente cuidar da barba (a chamada “barba da negação”).
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Dedicar-se a arte de maquiagem para perfeicionar uma aparência muito feminina (look high femme).
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Apresentar-se extremamente másculo ou hiperfeminina.
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Evitar quaisquer conversas sobre moda para qualquer gênero. Dissociando-se sempre que conversas ou atividades de moda ocorrem.
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Exercitar-se obsessivamente (AMABs).
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Assumir um papel de gênero fortemente estereotipado em um relacionamento (ex. a bela e recatada dona-de-casa)
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Casar-se e ter filhos em antecipação de que isso “consertará” o que há de errado contigo.
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Assumir atitudes ultra-conservadoras quanto a gênero e sexualidade.
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Expressar homofobia e transfobia em auto defesa para afastar suspeição.
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Engajamento passivo agressivo em qualquer coisa conectada com seu vero gênero.
Finalmente, outro mecanismo de coping bem comum é encontrar meios de escapar ou engajamento mental para esquecer de seus próprios sentimentos.
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Intensivamente investir grande quantidade de tempo em hobbies.
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Longas horas gastas no trabalho.
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Consumir mídia (filmes, TV ou livros) de forma incessante (binging)
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Gastar todo o tempo livre jogando videogames ou em redes sociais.
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Obsessivamente limpar seu espaço pessoal.
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Dormir. Muitas e muitas horas dormindo.